Educar para a criatividade: a dimensão estética nos processos educativos. Este é o tema da palestra de Mara Davoli no III Seminário Internacional, realizado por Ateliê Carambola Escola de Educação Infantil e Centro de Pesquisa e Documentação Pedagógica.
Entre 1973 e 2007, Mara trabalhou como atelierista dentro do sistema educacional para a primeira infância em sua cidade natal, Reggio Emilia.
Pela primeira vez no Brasil, a atelierista italiana conta ao nosso Blog que a escolha do tema reflete sua formação artística, assim como sua profissão.
O período em Reggio Emilia foi intenso e, segundo ela, ofereceu a oportunidade de comparar várias realidades educativas diferentes. Acima de tudo, um período que lhe trouxe o privilégio de ter conhecido um mestre, Loris Malaguzzi.
"Esta é a grande riqueza que eu carrego comigo e que me formou como ser humano, assim como profissional. Mesmo agora, através de seus escritos e seus diários pessoais, Loris continua sendo um marco cultural muito importante", conta a atelierista que hoje também atua como formadora de educadores na Associação Rosa Sensat, em Barcelona, Espanha.
No dia 24 de junho, no MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Mara quer dividir não somente o que viveu em Reggio, mas o que vem trocando ao longo de seu percurso como formadora de adultos. "A conferência vai certamente refletir minha experiência como atelierista, mas também trará o resultado desses novos e diferentes olhares que se nutrem no encontro com colegas de profissão e outras empresas", diz.
"Estou convencida de que apenas o diálogo, a comparação e a crítica, nesse conjunto de diferentes realidades, são capazes de darem sentido ao trabalho bonito e desafiador de todos os envolvidos na educação."
Mara conta que a educação para a criatividade é complexa em sua discussão e prática. A criatividade, afirma, é uma palavra que não pode ter uma definição única e determinada.
"Eu me pergunto, no entanto, o que isso significa para mim e como eu vou discutir noções tão complexas como ‘criatividade e estética’ na educação", complementa.
Entre as premissas que possam esclarecer de forma mais específica suas abordagens, Mara
deixa claro que cada projeto educacional é um sistema feito de elementos culturais, sociais, estruturais e organizacionais. E que, por isso, considera necessária e vital a relação de interdependência entre a estética e a educação, noções igualmente complexas.
Quando fala em educação e estética, Mara se refere a um conceito educacional que se remete a uma filosofia e uma prática construtivista, que valoriza o intercâmbio social entre crianças e crianças, crianças e adultos, e entre adultos e adultos, para um desenvolvimento criativo das linguagens lógicas, cooperativas, expressivas, fantásticas, e simbólicas.
"Tenho a intenção de desenvolver os meus pontos de intervenção (que dependem de uma apresentação visual) para abrir perguntas e conversar com os participantes", explica.
O seminário começa com questões sobre fenômenos multiformes, essencialmente indescritíveis e feitos "de estética, beleza, criatividade", e como eles intervêm nos processos de aprendizagem das crianças.
É nesse momento que Mara deverá propor uma reflexão sobre a concepção e a construção de contextos de aprendizagem.
"Através do contexto do lugar, tanto físico quanto mental, no qual os significados são compartilhados, temos experiências e possibilidades de aprender a acessar novos conhecimentos. Em particular, proponho exemplos para refletir sobre o papel adulto e o sentido da relação entre o conteúdo educacional com a preparação do espaço e a escolha de materiais", explica.
Na sequência, a apresentação da atelierista e formadora de educadores se resume, com profundidade, a uma palavra: projeto!
'Trabalhar por projetos' remete a uma prática diversa e de inspirações múltiplas. Mas o que, de fato, se entende dessa definição, projeto? Que significados damos a essa palavra? A qual ideia de aprendizagem a gente associa essa palavra?
As indagações feitas por Mara vêm com respostas.
"Projetar significa prever e antecipar ideias e fatos em busca de um objetivo comum, o que na verdade pode mudar durante a experiência, como muitas vezes acontece."
A atelierista apresenta um exemplo de como as crianças enfrentam, dentro de um grupo, o desafio de projetar e implementar um trabalho conjunto. "Um desafio que faz com que todos possam se acostumar com o diálogo e com o confrontamento de opiniões e pontos de vista diferentes, para assim aprenderem a mediar e negociar decisões e soluções operacionais."
Ao final da palestra, Mara pretende refletir sobre as diferentes abordagens na relação educativa entre crianças e arte, que hoje se traduz em muitas metodologias e modelos diferentes.
Quais são as relações possíveis entre as crianças e arte? Como conhecer os artistas e as suas obras? Como abordar as crianças?
"Para mim, a criatividade é uma 'faculdade educável'. Este é um ponto certo que levo como bússola para orientar a escolha educativa, a fim de ter crianças protagonistas cada vez mais ativas em seus processos de aprendizagem, e não crianças receptoras passivas do que lhes é ensinado por adultos."
Além da apresentação de Mara, a equipe da Ateliê Carambola Escola de Educação Infantil apresentará uma documentação Pedagógica numa perspectiva Malaguzziana: "Dança, digital e grafismo", que está em processo, será analisada por Mara Davoli com a equipe da Ateliê Carambola para discutir como da projetação ao projeto nasce uma relação entre crianças, professora e atelierista.
Para participar do III Seminário Internacional, faça sua inscrição por e-mail: oateliecdp@ateliecarambola.com.br
Onde: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Quando: 24 de junho de 2017
Horários: 9h às 13h ou das 14h às 18h
Quanto: R$ 400 (o módulo)
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