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Flores crocantes

Por Alexandre Gomes Fernandes

Martim participa de nossos contextos com curiosidade, e sempre nos surpreende com seus comentários durante os diálogos que temos.

Em um dos nossos momentos do Desenho de Observação de Plantas, Martim e Elisa observaram uma coleção de rosas que estavam fora da água há duas semanas.

Começamos esse contexto explorando as rosas, observando-as atentamente com as lupas. Antes eram rosas rosas. Agora, são roxas. Questiono, por que elas mudaram de cor. Martim pensa e me diz poeticamente:

- Estão assim porque passou o outono.

A investigação continua e eles descobrem que há trechos das pétalas em amarelo.

Eis mais uma interrogação, e Martim começa a pensar, faz um porqueee bastante longo para me dizer que “caíram flores amarelas nela”.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele expressou sua hipótese em detalhes:

- Daí… a flor passou pra essa planta. E daí, quando passou o outono ela ficou dessa cor.

Martim elabora toda essa poesia por meio da sua análise visual. O que acontecerá se ele tocar as rosas?

Ele as toca, e não há mais aquele som suave de quando estão desabrochando. Ele gosta do som e começa a tocar as folhas secas.

Os sons, a textura e o que Martim sente, e não podemos sentir, o faz poetizar novamente e me dizer:

- Elas estão crocantes.

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