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O guardador

Por Marcela Costa

Em um lapso de tempo no quintal, Matheus brinca com o tecido. Nos primeiros instantes de toque, percebe, desequilibra. Os pequenos furinhos causados pela própria trama dos fios são olhos. Então, corre.

Quem passou por perto, gritou e correu. Gritos de uma possível brincadeira de pega.

Logo, percebe-se a quantidade de recortes que há no tecido. Se atrapalha, cai, pega, vira e revira. Nota minha presença e pergunta:

- O você está fazendo?

- O que você faz com esse tecido? - eu respondo.

- É uma capa. Quer ver?

E, novamente, corre.

Já caminha segurando-o próximo da cintura, dando leves chutes e mirando uma jarra de plástico. Coloca-o todo ali. Com muito cuidado e força, sem querer deixar nenhum fio para fora.

O tecido vira líquido.

- E agora? - pergunto.

- Virou sopa. Vem ver.

Me mostra a jarra e me convida para assistir o despejar no balde.

- Eu guardei tudo aqui.

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