top of page

Fragmentos de um processo documental: o Grupo II e suas descobertas espaciais

A V Mostra Cultura da Infância da Ateliê Carambola se aproxima. Neste momento, os processos documentais que dão visibilidade aos pensamentos e teorias infantis pulsam na nossa Escola. Até o dia 10 de novembro, quando as duas unidades estarão de "segunda pele", com seus espaços tomados de sentidos e significados, nós contaremos aqui no Blog e na Caramboleira (nossa newsletter) alguns fragmentos do que cada grupo tem vivido e construído.

A seguir, um pedacinho do Grupo II, que além dos enredos e do forte jogo simbólico e teatral, tem se apresentado bastante interessado na temática do Espaço Sideral.

Por Vitor

OS INDÍCIOS

Filippo levanta a temática do Espaço Sideral, e dentro dela brinca incluindo Alice Gasperino. Algumas crianças embarcam no tema das naves espaciais, como Davi e Henrique. Um dia no quintal, eu observo e registro uma brincadeira das meninas, que começa com um desenho de giz no chão, e acaba com elas conversando sobre as diferentes fases da lua. Elas começam um processo para entender por que às vezes a lua está cheia, e as vezes está cortada.

HIPÓTESES DE APROFUNDAMENTO

O que as crianças sabem sobre o espaço sideral, e quais teorias possuem sobre a lua, especificamente? Como as crianças interpretam as diferentes fases da lua? Que resoluções dão para o fato de verem as vezes a lua cheia (redonda) e as vezes a lua minguante (cortada, ou de lado)?

Foi a partir dessas perguntas, e de uma mini-história sobre a Lua cheia, que fizemos uma sessão com Nina, Maitê e Leila.


Quando a lua não está cheia, como ela fica? Vitor


Ela vai enchendo, enchendo, enchendo de ar! Nina


Quem enche a lua de ar? Amanda


Ela vai fazendo assim: shiiiiii (e faz um movimento como se estivesse crescendo). E vai enchendo até ficar grande. Ela enche sozinha. Alguns anos ela enche sozinha.


E quando ela não está cheia, ela fica como? Vitor


Cortada! Leila


Ela fica assim, virada, virada pelas pessoas. Nina (me mostrando com o corpo como é ficar de lado). Vitor


A sessão continua e Nina traz novas camadas para o seu olhar sobre a lua.

Um dia, de carro, à noite que eu tava indo, a gente, eu, a minha mãe, o Bento e Dante, estávamos passeando de carro à noite, a lua, eu vi, eu olhei pra cima e a lua continuou seguindo a gente, e deu várias voltas, voltas e voltas! Nina

A mini-história continua a ser lida, e chega a uma parte que fala sobre alienígenas. Nina começa a descrever como seria esse alienígena e diz que ele tem de ter "três olhos e uma roupinha de espaço." Depois, desenha o alienígena.

Tem que ter três olhos e uma bocona, e tem que ter um nariz que sai caca. E só falta a cintura. E tem que ter braço. E tem cabelo também. Nina

Agora eu quero desenhar a lua em metade! Nina

Então Nina faz um círculo e o corta ao meio. Depois, percebendo que não dá para ver que a Lua está pela metade, ela faz outro desenho ao lado.

Oh, oh, a lua em metade! Essa é uma pessoa diferente, que está conversando com a Lua. Nina

Na sequência, Nina desenha o dia em que ela estava no carro e a lua a seguiu.

A lua estava em metade. Ó a lua em metade me seguindo. Eu, Bento e Dante estávamos no carro com a mamãe e com o papai porque estava muito escuro e ninguém queria pegar aquela tempestade fora de novo. Porque estava muito forte ontem. Nina.

Mas tinha astronauta na Lua? Leila

Não, não tinha dessa vez. Nina

Nina nos conta que o Sol prende a Lua, e por isso ela não aparece de dia.

E por que a Lua consegue se soltar à noite? Vitor

Ela se solta do Sol com uma presa, que solta a Lua. Ela segura num ponto e aí vai saindo. Sabe o que chama ponto? Fica preso na nossa barriga, ele fica coladinho e a gente vira de cabeça nele, a gente cai lá no quintal. Nina

bottom of page